Resenha: livro "Próxima Parada"

 Olá pessoal, tudo bem? Hoje trago a resenha de "Próxima Parada" uma antologia que reúne sete contos num e-book gratuito, e que é foi o primeiro lançamento da Duplo Sentido Editorial.

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 Eu conheci a Duplo Sentido Editorial através de alguma postagem da Thati Machado no Facebook,  de quem sou amiga na rede social. A Thati é blogueira e escritora (dela, já li e resenhei "Ponte de Cristal"), e mesmo sem conhecê-la pessoalmente, é uma pessoa que admiro muito. E se tinha um conto da Thati, eu já queria ler! Fiquei aguardando ansiosamente a editora liberar o download da antologia, e assim que foi liberado, baixei e comecei a ler.

 Todas as histórias tem um ônibus como cenário principal e adolescentes como protagonistas, vou falar um pouquinho sobre cada conto.

 O primeiro é "Idas e vindas", da Bruna Fontes, traz a história da Marina e do Henrique. Eles se conheciam e rolava um clima entre eles há um bom tempo, mas nas idas e vindas da vida iam se aproximando e afastando, parecia que seus caminhos nunca se encontravam na hora certa, até que o Henrique decidiu mudar isso e aprontou uma cena no ônibus que deixou a Marina: "Uma mulher livre e danada da vida"!

 Dois personagens com estilos diferentes cujas vidas pareciam se afastar, felizmente um deles resolveu solucionar a questão, quantas histórias reais vemos onde as pessoas simplesmente não correm em busca do que querem e ficam sofrendo por sua falta de coragem!

 "Eu não soube o que responder de imediato. Honestamente, eu não soube o que responder e ponto. Jamais saberia, porque aquele ônibus ainda estava em movimento. A vida ainda passava como borrões do lado de fora da minha janela e eu ainda era apenas uma garota de dezessete anos completos, trevosa, carregadora de livros gigantescos na mochila, e adoradora de metáforas. Eu sabia apenas o que eu tinha e o que não tinha, mas não sabia todas as respostas."

 O segundo conto é "Sete Minutos" da Júlia Braga, que também traz a história de dois amigos, a Vanessa e o Eduardo, que estavam com a amizade um pouco abalada, meio sem jeito um com o outro, depois de terem passado sete minutos num armário escuro por causa de uma brincadeira, e o que aconteceu lá dentro foi algo importante e sobre o qual os dois precisavam falar.

 Primeiro beijo, inesquecível e cercado de dúvidas para a maioria das pessoas, independente de se ser menino ou menina! Ainda trouxe uma nostalgia ao mostrar uma amizade bonita que começou na infância.

 Thati Machado escreve a terceira história, "Transbordante", que traz dois meninos como protagonistas. Marcos e Naldo eram amigos, mas quando Naldo revelou ser gay, Marcos se afastou dele para não ser vítima da homofobia e bullying na escola. Os anos se passaram, e eles estabeleceram uma rotina que consistia em trocar HQs no ônibus, até o dia em que Marcos resolveu voltar a falar com o Naldo, que ainda estava bastante magoado pelo forma como foi tratado no passado. O que o Marcos poderia estar querendo agora?

 Foi doloroso ver a forma como Naldo foi hostilizado por sua orientação sexual e como isso o machucava.

 "Todos ao meu redor haviam me isolado numa droga de bolha gay, como se fosse algo contagioso."

 Em "Querer é poder", da Vanessa S. Marine, conheceremos Hugo, um garoto que não era tímido, mas ficava todo sem jeito quando estava perto de Maristela, que estava no mesmo cursinho que ele.

 "― Quanto tempo será que vai demorar para esse ônibus chegar, hein? ― ela perguntou.
 'Ok, Hugo, respira fundo. É só uma garota. Maristela é só uma garota” pensei comigo mesmo enquanto a encarava ali, ao meu lado no ponto de ônibus.'
― Não sei. ― disse, voltando a encarar meus all stars (eu simplesmente não conseguia
falar e olhar para ela ao mesmo tempo)"

 Maristela gostava de clássicos e se interessava por coisas não muito comuns para jovens de sua idade. Hugo precisava de um método diferente para aprender e tinha um certo medo de se arriscar.

 "Acho que ser adolescente tem muito mais a ver com liberdade. Ou a falsa liberdade que pensamos ter… ― ela divagou enquanto encarava ainda o banco da frente. ― As primeiras vezes, a ansiedade, a paixão pela vida e pelas pessoas e coisas… Ninguém precisa ser da geração Justin Bieber pra ser jovem."

 Na conversa entre os dois, no ônibus, talvez Maristela não conseguisse fazer com que Hugo se tornasse mais confiante sobre sua vida, mas certamente seria um início.

 "― Eu só estaria com medo se eu estivesse me condenando a um caminho que eu sei que não me fará feliz. Cinema é o que eu mais amo, então lá é o meu lugar. Por que lutar contra isso? É o que eu quero.
 Eu a encarei, ouvindo atentamente.
 ― E querer é poder, sim. ― ela continuou ― Eu serei referência no que eu quero fazer, simplesmente porque eu quero fazer aquilo. Porque eu sou feliz fazendo aquilo."

 Mel Geve escreveu "Espelho", onde Augusto estava cansado num ônibus, assim como todos os outros passageiros pareciam estar. Mesmo assim, ele quis ser gentil e ceder um assento para alguém que precisasse mais que ele, mas ficou indignado ao ver que o banco foi ocupado por uma pessoa que, aparentemente, não merecia.

 "Por causa de uma freada, Augusto sentiu o corpo inteiro sendo levado pra frente e por um instante desejou soltar a mão que agarrava a barra verde limão e cair. Ah, o chão parecia tão confortável, tão acolhedor…"

 Felizmente, ele e essa pessoa puderam se aproximar durante a viagem, e Augusto descobriu que, muitas vezes, a primeira impressão não é a verdadeira.

 "Juntos" da Tamara Soares, talvez seja o conto mais intimista e, por isso, posso não ter conseguido captar todos os seus significados. A protagonista, Estela, parece guardar alguns ressentimentos do ex-namorado, mas um tempo para pensar durante uma viagem de ônibus poderia lhe fazer bem.

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 E, por fim, vem "Os cinco estágios", escrito por Marcelle Cambeses, o meu conto preferido do livro! Foi o que mais gostei não só pela ótima e sensível escrita da autora, mas também por trazer um protagonista trans, nascido em um corpo de menina e sofrendo ao tentar viver nele segundo as imposições da sociedade, mas que com o auxílio de uma garota gentil que conheceu no ônibus, Manuela, encontraria forças para se encontrar e se aceitar como realmente era.

 "Meu coração aperta com as lembranças, mal cabendo em si de alegria por saber que enfim nos reencontraremos. Que hoje o ônibus que me transporta todo dia para a rotina da escola e do trabalho não me leva a obrigações, mas àqueles novos ares de prazeres, de lazeres, de vontades que me acometem toda vez que penso em você."

 Eu já li um livro onde há uma personagem trans, mas ela era coadjuvante e não foi possível conhecê-la profundamente, já na história de Marcelle, vi os sentimentos do protagonista de uma forma muito clara, seus conflitos e medos, sua transformação. Deixo meu agradecimento à ela por ter me permitido entender um pouquinho mais da questão.

 "Dei a brecha, apesar de saber que a minha presença andava meio boneca russa: quanto mais você despia as minhas fachadas, mais eu ia sumindo." (Nunca tinha pensado nessa analogia com boneca russa.)

 Enfim, "Próxima Parada" é uma antologia de contos curtos, todos muito bem escritos, bonitos e gostosos de se ler. Tem beijo gay sim, tem temáticas adolescentes que trarão nostalgia aos leitores já adultos ou que farão com que eles revirem os olhos diante de certos comportamentos, mas em resumo: vale muito a pena ler!

 O último conto é ainda mais especial, pois de uma certa forma, todas as histórias se encontram, e é possível entender o motivo do mau humor do motorista bigodudo que sempre aparecia, essa a gente deixa passar, Seu Zé!

 Não é um livro impresso e sim um e-book, mas para mim, que li em pdf no celular, foi uma leitura confortável pelo tamanho das letras, margens e espaçamento, além de ter uma boa revisão e uma capa linda!

 Detalhes: 77 páginas, Skoobclique aqui para baixar gratuitamente (disponível em pdf, epub e mobi).

 Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Me contem: já conheciam alguma das escritoras? Qual conto parece ser o mais interessante?

Até o próximo post!

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Resenha: livro "A intrusa", Júlia Lopes de Almeida

 Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "A intrusa", escrito pela Júlia Lopes de Almeida, edição publicada em 2016 pela Pedrazul Editora.

Resenha: livro "A intrusa", Júlia Lopes de Almeida

 "Fragilidade do coração humano, por que hás de ser agrilhoada por palavras de ferro que se não podem partir?!" (página 83)

 Narrada em terceira pessoa, a história se passa no Rio de Janeiro no final do século XIX, e nos apresenta o advogado Argemiro. Ele era casado com a filha única de um barão, mas ela morreu poucos anos após o casamento, e em seu leito de morte, ela (cujo ciúme parecia ser o único defeito) lhe fez prometer que jamais se casaria novamente. Anos depois, Argemiro mantinha uma boa relação com os sogros, até chamava a sogra de mãe, uma forma de aplacar um pouco da dor que ela sentia por ter perdido a filha. Ele tinha outro motivo para continuar visitando a casa dos sogros, mesmo sendo um pouco longe da sua residência: sua filha, Glória, morava lá. A menina era criada pelos avós, pois como Argemiro trabalhava o dia todo, não tinha como cuidar dela.

 Mas isso mudou quando ele, cansado de ver Feliciano, o negro que administrava sua casa, vestindo suas roupas e superfaturando as contas, decidiu contratar uma governanta, para que sua filha pudesse ir vistá-lo nos finais de semana. Como seria difícil para ele conviver com outra mulher na casa que estava tão impregnada pelas lembranças de sua falecida esposa, ele estipulou uma cláusula pela qual ele nunca veria pessoalmente sua governanta, ele não queria conhecê-la. A única pessoa que apareceu interessada no anúncio de emprego foi Alice Galba, e foi contratada, e em pouco tempo Argemiro começou a ver as melhorias em sua casa: mesmo com uma funcionária a mais, ele estava gastando menos! A casa estava mais limpa e organizada, além de bonita e alegre, pois sempre havia flores, a comida era melhor, móveis quebrados eram arrumados, e finalmente Feliciano havia parado de usar suas roupas e as contas estavam certas. Argemiro passou a sentir vontade de voltar para casa depois do trabalho, coisa que antes ele não tinha.

 E agora ele podia ter a filha em casa nos finais de semana, e até a menina, tão mimada pelos avós, estava melhor, mais comportada, graças a influência de Alice. Glória inclusive estava se interessando pelos estudos, área com que Argemiro se preocupava bastante, pois queria um bom futuro para a menina.

 "- Glória casará bem, com um homem que a ame e a respeite. Não faltava mais nada! Minha neta mal casada! Pobre... desprezada... precisando trabalhar para viver... que coisa horrível!
 - O que é horrível, mamãe, não é trabalhar; é não saber trabalhar!" (página 38)

 Mas como nem tudo são flores, Feliciano estava incomodado com a perda de espaço, e não era o único a querer ver Alice fora de seu caminho: a sogra detestava a moça mesmo sem conhecê-la, como se a governanta estivesse roubando o lugar de sua falecida filha, mesmo que Argemiro garantisse que não convivia com Alice. Não só a sogra, mas a maioria da sociedade, teimava que havia alguma coisa entre os dois. E Argemiro não gostava dessas insinuações, pois era fiel ao juramento feito à falecida, mas não aceitava abrir mão do trabalho de Alice, que tornava sua vida tão melhor. Antes de Alice, ele "estava mofado, tinha bolor na alma".

 "- E minha filha? Você sabe por que eu mantenho uma mulher em casa, não tanto pela boa ordem da minha vida, da casa, mas para poder recebê-la e guardá-la de vez em quando... E depois, sabe o que mais?! Pouco me importo com a opinião dos outros! Deite fora esse charuto. Vou despedir-me lá dentro. Estou enojado." (página 122)

 Argemiro seria vencido pela sogra e despediria Alice ou a manteria no emprego? Sua curiosidade falaria mais alto e ele voltaria atrás na sua decisão de não ver a moça que estava mudando a sua vida? E quais as motivações de Alice para aceitar o emprego e continuar nele, mesmo sendo tratada como uma intrusa? Seria ela realmente uma usurpadora como dizia a sogra de Argemiro?

 "Sujeita-se a exercer um lugar suspeito, aceitando todas as condições que lhe impõem e revela uma sensibilidade rara em todos os atos em que podemos a apreciar... Será ela na verdade a mulher perigosa, não pelo que calcula e inventa, mas pelo que merece?" (página 159)

  "A intrusa" foi um livro que eu fiquei muito feliz ao ter em mãos, pois Júlia Lopes de Almeida o escreveu em 1905! Nas aulas de literatura na escola, todo mundo conhece o nome de vários escritores brasileiros que se tornaram clássicos, mas e de escritoras? Algum nome é mencionado? Não me lembro de nenhum. Mas elas existiram e escreviam naquela época, e Júlia, que viveu entre 1862 e 1934, é um exemplo disso. "A intrusa" é um livro curto e gostoso de se ler; tendo sido escrito há mais de 100 anos, tem sim algumas palavras pouco usadas ultimamente, mas nada que atrapalhe a leitura ou que as notas de rodapé e uma corridinha ao google não solucionem. E ainda há o fato de a autora ter vivido um bom tempo em Portugal, o que torna sua escrita mais próxima do que é falado lá, mas repito que não é uma leitura de difícil compreensão, é mais um exercício de concentração para prestar bastante atenção no que está sendo lido e uma oportunidade para conhecer palavras novas.

 Para quem está acostumado a ler romances de época, já tem mais ou menos ideia do pano de fundo que encontrará, com a diferença que o livro de Júlia se passa no Brasil, e foi gostoso demais ver o ensolarado Rio de Janeiro como cenário ao invés da Londres nublada. Há sim o universo dos bailes, das reuniões, das mães casamenteiras, mas também tem as regatas (competições de barcos) levando mutia gente à praia, substituindo os salões de baile como local para flertes. É uma obra interessantíssima do ponto de vista histórico e é muito importante levar em conta a época em que a trama se passa, pois o país vivia há pouco tempo como uma república (proclamada em 1889) e sem a escravidão (abolida em 1888), e Júlia Lopes de Almeida insere essas questões políticas no enredo.

 Em "A intrusa", o romance acontece num nível menos de corpo e mais de almas, afinal, como demonstrar amor por alguém que você não vê pessoalmente? É preciso usar dos detalhes, das pequenas coisas. Alice é uma incógnita, sabemos mais dela pelo que pensam os outros personagens, que acabam roubando um pouco o protagonismo, mas sua presença é o que causa o conflito. São vários aspectos que prendem o leitor: a sogra ciumenta; mães casamenteiras perseguindo Argemiro, que era considerado um bom partido; a amizade dele com o Padre Assunção; a curiosidade para saber o que acontecerá com Argemiro e Alice.

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 Sobre a parte visual: achei a capa linda, gostei da combinação de cores e letras. As páginas são amarelas. As margens, fonte e espaçamento tem um bom tamanho.

 "As asas do tempo têm forte envergadura; não cansam de voar, mas levam às vezes consigo penas que se não mudam, embora fiquem disfarçadas entre outras que vão nascendo..." (página 83)

 Enfim, "A intrusa é um livro de leitura leve e rápida, que eu super recomendo, para leitores de todas as idades, especialmente para quem se interessa pela vida no Brasil nos séculos passados. Deixo um agradecimento enorme à Pedrazul Editora por ter publicado a trama de Júlia Lopes de Almeida e aproveito para fazer uma pergunta e um pedido: por favor, me digam que vão publicar mais livros dela ou de outras autoras brasileiras de sua época?! Eu ia ficar tão contente! (Achei um artigo que cita algumas escritoras da época, fica a recomendação para que leiam: MULHERES ESCRITORAS NO BRASIL ROMÂNTICO.)

 Detalhes: 232 páginas, Skoobacompanhe a Pedrazul no Facebook. Onde comprar online: loja da editora.

 Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Me contem: já conheciam o livro ou a autora? Já leram algum livro de uma escritora brasileira do século XIX ou início do século XX?

Até o próximo post!

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Vídeo: Tag The Name Game Book

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 Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje, trago o último dos três vídeos que já comentei com vocês que foram gravados num dia onde toda hora alguém vinha me atrapalhar. Nele, respondo a tag literária The Name Game Book, que consiste em escolher um livro cujo título comece com cada letra do seu nome; meu nome é Maria, portanto escolhi livros que comecem com M, A, R, I e A. Como digo no vídeo, não me lembro onde vi essa tag, pois tinha deixado o link salvo nos favoritos, mas como tive que formatar o computador, perdi o link. A tag foi criada pelo canal KimberleysBookNook.

 Apertem o play, são menos de 3 minutos e vocês ainda receberão cinco indicações de livros que gosto muito:



 Não indiquei ninguém para responder, mas quem quiser, sinta-se indicado. Me contem se gostaram da tag, do vídeo, ou se já conhecem, leram ou querem ler algum dos livros citados (para conferir a resenha de cada um deles, é só acessar a página de resenhas do blog).

Até o próximo post!

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Sorteio: livro "Elos do Destino" da Catia Mourão e brindes da Ler Editorial


 Ola pessoal, tudo bem? Quem acompanha o blog deve se lembrar que no mês passado fui no meu primeiro evento literário, a Feira do Livro da Cidade de Resende (FLIR) pra mediar um bate-papo da Ler Editorial. A Catia Mourão, escritora da Ler, me presenteou com livros e muitos brindes que estavam lá no estande da editora, e como ganhei tanta coisa que não conseguirei usar tudo numa vida só, resolvi dividir alguns mimos com os leitores do blog. Para conferir o post sobre a FLIR, clique aqui.

 Na semana passada, resenhei um dos livros que ganhei, o "Elos do Destino", romance que vai virar filme. E para que mais pessoas possam conhecer a escrita da Catia antes de a história estar no cinema, decidi sortear meu exemplar para vocês, além de brindes da editora.

 Então, confiram o que vai no kit que um sortudo vai ganhar:

- Um exemplar do livro "Elos do Destino";
- Uma sacola/bolsa/ecobag (não sei que nome vocês usam) da Ler Editorial;
- Cinco marcadores de páginas (dos livros "Rick & Cath", "Guarde-me para sempre", "Beijos Inflamáveis", "Leo & Bia" e "Elos do Destino") e
- Cinco buttons (dos livros Rick & Cath", "Beijos Inflamáveis", "Leo & Bia", "Elos do Destino" e da Ler Editorial).


 Para participar é só se inscrever no formulário do Rafflecopter abaixo, são poucas regras obrigatórias e muitas extras para aumentar suas chances de ganhar:

Regulamento:
 - As inscrições começam hoje e terminam no dia 23/08/2016, o sorteio será feito e o resultado sairá em até uma semana e será divulgado nesse mesmo post e nas redes sociais do blog.
 - É preciso ter endereço de entrega no Brasil.
 - O sorteado será comunicado por e-mail e tem o prazo de uma semana para responder ao e-mail enviado informando seus dados para envio do prêmio ou será desclassificado e o sorteio será refeito.
 - O prêmio será enviado pelo blog em até 30 dias após recebimento dos dados do ganhador.
 - Não nos responsabilizamos por danos, extravios ou devolução do prêmio por parte dos Correios em caso de endereço incorreto fornecido pelo participante ou ausência de quem o receba.
 - Em caso de dúvidas, deixe um comentário no post.

 Boa sorte!

Até o próximo post!

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Resenha: filme "S.O.S. Mulheres ao Mar"

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 Nos últimos tempos meu sono tem brincado comigo: nove horas da noite e eu paro de ler porque estou com sono, vou me deitar depois das dez e fico virando de um lado para o outro na cama, e nada de conseguir dormir! Pior é que fico pensando que poderia usar esse tempo para fazer alguma coisa útil, tipo... ler. Enfim, ontem, minha irmã queria ver o filme S.O.S. Mulheres ao Mar que passaria na TV, num primeiro momento a minha ideia era ir dormir (para tentar levantar mais cedo hoje), mas acabei me distraindo e deu a hora em que o filme começaria. Como dizem aqui na minha terra: "Perdido por perdido, truco!". Já estava acordada mesmo, sabia que não ia conseguir dormir, decidi ver o filme, já que amo comédias e sou fã da Giovanna Antonelli, gosto do Reynaldo Gianecchini, da Fabiula Nascimento, da Thalita Carauta, da Emanuelle Araújo e do Marcello Airoldi (ou seja, o elenco já estava super aprovado por mim). E valeu tanto a pena ter ficado acordada que resolvi falar sobre o filme aqui no blog.

 Na história, conheceremos Adriana (Giovanna Antonelli), ela quer ser escritora mas enquanto não tem um livro publicado, trabalha legendando filmes pornôs. É casada há dez anos com Eduardo (Marcello Airoldi), até que quando ele volta meio calado de uma viagem que fez para receber um prêmio, ela pergunta o motivo de seu comportamento estranho e ele diz que quer se separar e sai de casa. Adriana fica péssima, faz todas aquelas coisas típicas de quem sofre uma desilusão amorosa (se empanturrar de sorvete, chorar...), até que descobre que o ex vai viajar com a nova namorada, a atriz Beatriz Weber (Emanuelle Araújo) num cruzeiro para a Itália.

Se liga no disfarce de lenço + óculos
 Adriana quer vingança, quer seu marido de volta, e decide ir nesse cruzeiro com sua irmã, Luiza (Fabiula Nascimento, não entendi muito bem no que ela trabalha, mas deu para perceber que ela trabalha e tem romances na mesma proporção). No dia do embarque, a empregada de Adriana, Dialinda (Thalita Carauta), vai levar um documento para elas e acaba entrando no navio também. E aí começa a missão do trio, de espionar o casal sem serem vistas, e depois encontrar formas muito loucas de separá-los. Enquanto isso, André (Reynaldo Gianecchini) se aproxima de Adriana, ela acha que ele é gay (o que não é verdade) e acaba se abrindo com ele.


 "S.O.S. Mulheres ao Mar" tem cenas engraçadíssimas e cumpre bem o seu papel de causar riso, não é um filme profundo que vai mudar a sua vida. Talvez a cena mais emocionante seja a protagonizada por Sonia, uma senhora que, após perder pessoas queridas, passa a viver a vida com o máximo de alegria possível. Como feminista, a ideia de mulheres brigando por um homem não me agrada, mas não chegou a me incomodar no filme, pois trouxe cenas onde não era mais a disputa por um homem, mas um conflito entre as duas, Adriana e Beatriz, onde Adriana lutava para não se deixar abater e recuperar sua autoestima. Talvez a grande lição do filme seja o fato de trazer personagens imperfeitos, ao mesmo tempo bons e maus, que nem sempre se comportam como se espera: Adriana joga sujo, mas também é capaz de se arriscar para salvar a vida de uma idosa; o "príncipe encantado" erra ao esconder um segredo, mas se liberta para poder ser feliz; Adriana se vê nos dois lados de uma moeda e segue em frente; Eduardo não tem um relacionamento perfeito com Beatriz mas não fica preso ao passado dela... E é assim na vida, não é? É melhor seguir em frente e correr o risco de errar do que se acomodar e deixar de viver.


 Não sou grande conhecedora de filmes, mas outros dois pontos que chamaram minha atenção foram a fotografia, o visual com imagens belíssimas tanto em alto-mar quanto em terra (especialmente na Itália) e a trilha sonora linda. Gente, vocês precisam ouvir essa beleza que é "Amar al Mare"! Apertem o play:



 E para quem quiser conferir o trailer:



 As imagens do post foram encontradas no Adorocinema, o filme tem direção de Cris D'Amato, estreou em 2014 (e tem uma continuação já lançada). Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado do post. Fica a sugestão para quem ama comédias, e alerto para o risco de terminar o filme com uma vontade enorme de fazer um cruzeiro (uma viajem que quero fazer). Me desculpem se eu tiver passado alguma informação errada, talvez tenha sido o sono engraçadinho que tenha afetado minha percepção. Ah, quando finalmente fui me deitar, ainda demorei um pouquinho para dormir e hoje, se pudesse, estaria dormindo até agora.

Até o próximo post!

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Resenha: livro "O ano em que disse sim", Shonda Rhimes

 Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "O ano em que disse sim", escrito pela Shonda Rhimes e publicado pela Best Seller em 2016.

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 Shonda Rhimes é a mulher responsável pelas séries Grey's Anatomy, Scandal, Private Practice e How to Get Away with Murder. Ganhadora de inúmeros prêmios pelas séries que escreveu e que são exibidas em horário nobre, ela chegou ao topo, estando na lista das 100 Pessoas Mais Influentes da revista Time, além de ser mãe de três filhas. E num feriado de Ação de Graças, uma frase que ouviu de uma das irmãs fez com que ela acordasse para o fato de que não estava feliz: "Você nunca diz 'sim' para nada.", seis palavrinhas que não paravam de incomodá-la simplesmente por serem a verdade.

 "A sensação de ter tudo não podia ser aquela. Podia? Porque, se fosse, se foi para aquilo que eu tinha gastado tanto tempo e energia trabalhando, se era aquela a cara da terra prometida, se aquela era a sensação do sucesso, aquilo por que sacrifiquei...
 Nem mesmo queria considerar a ideia. Então não consideraria. Eu não pensaria nisso. Em vez disso, olharia para frente, respiraria fundo e apenas... acreditaria. Acreditaria que a estrada seguiria adiante. Acreditaria que haveria mais.
 Eu acreditaria e diria 'sim'." (página 45)

 Shonda foi uma criança nerd, que gostava de ficar fechada na despensa criando histórias com as latas de alimentos, o tempo passou e ela alcançou o sucesso contando histórias, vinda de uma família competitiva que nunca a deixava se achar melhor que ninguém, acabou se escondendo atrás de seus personagens, fazendo com que eles vivessem como ela queria viver, e usando o trabalho como desculpa para se afastar do mundo. Shonda entrava em pânico quando tinha que comparecer a algum evento ou entrevista, ela simplesmente não conseguia relaxar, e por isso sempre que podia ela dizia não para qualquer convite. E a frase dita pela irmã fez com que ela pensasse no que estava se tornando, e decidisse passar a dizer sim, pois estava se perdendo de si mesma, e perder era uma coisa que ela não aceitava (lembra o que eu disse sobre ser de uma família competitiva?).

 No livro, veremos muito mais do que uma Shonda se arriscando a ir a lugares novos durante um ano e com isso melhorando sua vida fisicamente e emocionalmente, veremos como ela é uma mulher admirável e com uma história inspiradora para qualquer leitor. Eu sou completamente por fora do mundo das séries, o máximo que sei é por ter lido algum post em algum blog ou em redes sociais, mas quis ler o livro por estar numa busca por diversidade de leituras, especialmente no que diz respeito ao que vem sido escrito por mulheres, e vejo que fiz a escolha certa ao procurar ler o que Shonda escreveu. Ela escreve de forma muito bem humorada, proporcionando muitas risadas, além de uma leitura fluida e gostosa de se fazer.

 Através do seu ano do sim, Shonda fala especialmente sobre o que é ser mulher nos dias de hoje, o que significa poder ser o que quiser ser, algo que infelizmente é confundido com ter que ser perfeita em tudo, coisa que nenhum ser humano consegue. São abordadas questões como ter vergonha de receber ajuda para criar os filhos e julgar mulheres que fazem isso; ter vergonha e não saber como agir ao ser elogiada e tentar fingir que não fez nada demais quando fez algo incrível; sobre receber elogios e ser admirada por ter um namorado ao invés de ser elogiada por ser uma boa mãe e ser o máximo no trabalho e principalmente sobre a importância de tornar o mundo da TV mais real, trazendo a diversidade, a normalidade para as telas, como ela mesma diz: "Mulheres, pessoas de cor, LGBTQ equivalem a MUITO mais do que cinquenta por cento da população. O que significa que isso não é fora do comum. Estou fazendo o mundo da televisão parecer NORMAL." (páginas 198 e 197), a autora mostra com clareza o quanto é importante que nos sintamos representados, que saibamos que não estamos sós. Alguns trechos sobre os assuntos:

 "Caterina Scorsone (que por acaso também interpreta Amelia Shepherd em Grey's Anatomy e em Private Practice) e eu passamos muito tempo discutindo esse assunto.
 'Nenhum homem jamais precisou se desculpar por ter ajuda para cuidar da casa e dos filhos. Jamais. Por que nós precisamos?', observa ela, frequentemente.
 Ela está certa. Por que nós precisamos?" (página 98)

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Sábias palavras de Cristina Yang (Sandra Oh) em Grey's Anatomy Episódio: 10x24 (fonte)

 "Quando criei minha primeira série, fiz algo que senti ser perfeitamente normal: no século XXI, fiz o mundo da televisão parecer o mundo real. Eu o enchi de gente de todas as cores, todos os gêneros, todos os passados e todas as orientações sexuais. Então fiz a coisa mais óbvia possível: Escrevi todos eles como se fossem... pessoas. Pessoas negras levam vidas tridimensionais, têm histórias de amor e não são coadjuvantes engraçadas, clichês ou criminosas. Mulheres são heroínas, vilãs, valentonas, são os cachorros grandes. Isso - ouvi diversas vezes - era pioneiro e corajoso.
 Espero que você também tenha a sobrancelha esquerda erguida, caro leitor. Porque, por favor, eu estava fazendo algo que os executivos tinham dito que não podia ser feito na TV. E os Estados Unidos provaram que eles estavam errados ao assistirem. Estávamos literalmente mudando o rosto da televisão." (página 124)

 "Um cara. Contra três crianças; uma noite inteira de televisão; um prêmio Peabody; um Globo de Ouro; prêmios por realizações de uma vida inteira da DGA, da WGA e da GLAAD; 14 prêmios da NAACP Image; três prêmios AFI; uma medalha de Harvard; indução no Broadcaster Hall of Fame - para citar apenas algumas de minhas realizações.
 Um cara.
 Ele é um cara ótimo. (...)
 Mas como não sou o Dr. Frankenstein - e portanto não tive nada a ver com a criação dele -, preferia não ser parabenizada pela presença dele.
 É esquisito.
 Como se meu valor tivesse subido porque um cara me queria." (página 228)

Shonda Rhimes, Cristina Yang, Grey's Anatomy, elogie o meu cérebro
Sábias palavras de Cristina Yang (Sandra Oh) em Grey's Anatomy S07E17 (fonte)

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O livro já me conquistou logo na epígrafe!
 Sobre a parte visual: capa linda! Páginas amareladas, diagramação com margem, espaçamento e letras de bom tamanho e edição com poucos erros de revisão.

 Enfim, "O ano em que disse sim" é um livro maravilhoso, divertido e que todo mundo, mas todo mundo mesmo, merece ler! Quem é fã da autora e de suas séries, com certeza vai gostar de conhecer um pouco mais sobre esse mundo da TV (eu confesso que fiquei com uma vontade enorme de assistir Grey's Anatomy). E quem ainda não conhecia Shonda Rhimes certamente vai terminar a leitura inspirada por ela a também refletir sobre sua vida e sobre como pode dizer mais "sim", mesmo que seja sim a dizer mais "nãos". Eu me identifiquei bastante com a Shonda, por também ser introvertida, e mesmo que não fosse capaz de abrir mão de algo que ela abriu, compreendi que isso se dá pelo fato de termos prioridades diferentes, e que é importante levarmos em conta o que realmente nos faz feliz, ao invés de aceitarmos só aquilo que a sociedade nos pressiona a ter.

 Fica aqui a minha recomendação para que vocês leiam "O ano em que disse sim". Espero que vocês tenham gostado da resenha (eu ainda poderia escrever muito mais, pois são tantos temas interessantes que a autora aborda, espero já ter conseguido passar o quanto vale a pena ler o livro). Deixo meu agradecimento à Shonda Rhimes por ter compartilhado sua história e ao grupo Editorial Record por tê-la publicado no Brasil através do selo Best Seller.

 Detalhes: 256 páginas, Skoob (minha nota: 5/5), leia um trecho. Onde comprar online: SubmarinoAmericanas.

Até o próximo post!

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Resenha: conto "O escaravelho de ouro", Edgar Allan Poe #12MESESDEPOE

 Olá pessoal, tudo bem? Hoje trago a resenha do sétimo conto do desafio literário #12MesesdePoe, a leitura escolhida para julho foi "O escaravelho de ouro", publicado em 1843.

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Fonte: fan page 12 meses de Poe
 O conto é um pouco maior do que os anteriores, traz um narrador que costuma visitar o amigo William Legrand em uma ilha. O amigo mora lá com um criado, Jupiter, um negro já idoso que toma conta do rapaz. A maior diversão de Legrand parece ser procurar objetos exóticos na praia. Eis que, em certa visita, o narrador se depara com William super empolgado pro uma nova descoberta: um escaravelho (espécie de besouro) dourado, algo nunca visto até então. Legrand desenha o inseto para o amigo, que acha que o desenho está mais parecido com uma caveira, o que deixa o desenhista bem chateado e acaba por resultar na fim da visita e na saída do narrador da casa dele.

 Dias depois, o criado Jupiter vai levar uma carta de Legrand para o narrador, e conta que o patrão está muito esquisito, não parece normal. Preocupado, ele acompanha o idoso até a casa do amigo, e encontra William com um plano bem estranho que inclui fazer o pobre Jupiter subir numa árvore enorme.

 "– Mas, por tudo que é misterioso neste mundo, o que o seu “sinhô Will” vai fazer com foices e pás?
 – Daí é mais do que eu sei, e o diabo me leve se eu não acho que é mais do que sinhô Will sabe também. Mas é tudo coisa do inseto."

 No mês passado, eu tinha dito que "O enterro prematuro" havia sido o primeiro conto que eu realmente tinha gostado no desafio, e hoje venho dizer que gostei ainda mais de "O escaravelho de ouro"! Foi uma leitura que já me prendeu nos primeiros parágrafos, o vocabulário era compreensível, o cenário e os personagens eram interessantes e podiam ser imaginados com facilidade. Eu "fui junto" em cada virada da história, também acreditei que o William Legrand podia não estar bem das ideias, e fui me surpreendendo de uma forma boa conforme as coisas foram sendo reveladas e com a inteligência do Will. O conto traz uma caça ao tesouro, algo que me fascina desde criança, e para não perder a marca de Edgar Allan Poe, o último parágrafo traz uma hipótese bem sombria.

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Ilustração do artista Yan' Dargent baseada no conto "O Escaravelho de Ouro", publicada no artigo "Edgard Poë et ses oeuvres" (Edgar Poe e suas obras, 1862) de Jules Verne. Encontrei na Wikipédia.
 Fica aqui a minha recomendação para que leiam "O escaravelho de ouro" e meu agradecimento à Anna Costa, a criadora do projeto #12MesesdePoe por ter colocado o conto no desafio (saiba mais sobre o projeto na página do Facebook).

 Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha (quem quiser ver as resenhas dos meses anteriores é só clicar aqui). Me contem: gostam de histórias de caça ao tesouro?

Até o próximo post!

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Resenha: livro "Lavínia e a Árvore dos Tempos", Lucinei M. Campos

 Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "Lavínia e a Árvore dos Tempos", escrito pelo Lucinei M. Campos e publicado em 2014.

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 "Lavínia estava muito assustada com aquilo. Uma árvore que poderia ter lhe matado, isso sim era muito estranho, até mesmo para ela, que acabou de ganhar uma fada homem. Entretanto, o que mais lhe deixava espantada era que, justamente a sua fada ficara longe vendo o que acontecia." (página 106)

 Na terceira semana da Maratona Literária de Inverno que estou participando, o tema era "outros mundos", e pela sinopse parecia que "Lavínia e a Árvore dos Tempos" (livro que comprei na FLIR) se encaixava, mesmo boa parte da trama se passando no "mundo real". Na obra, conheceremos a garota Lavínia, nove anos de idade, morena e de cabelos cacheados, morava com o pai e a mãe, e tinha um melhor amigo chamado Léo. Ela não gostava da escola, pois era alvo da implicância da maioria dos alunos de sua turma, se escondendo na hora do recreio e, por precisar que o caminho de seu esconderijo estivesse livre para voltar para a sala, sempre acabava chegando atrasada e levando bronca da professora. A forma como algumas crianças eram más com a Lavínia era de partir o coração e explicava o motivo de ela não ser uma aluna dedicada. Felizmente, quando a aula terminava e ela podia ir para casa, tinha a companhia de seu amigo Léo, que logo que chegava da escola dele, corria para a casa da Lavínia para passarem a tarde juntos.

 A vida seguia assim, até que, numa noite, ela foi acordada por um ser muito estranho, um homem meio vestido como um vaqueiro ou um cangaceiro, que falava com um sotaque nordestino carregado, tinha uma peixeira como varinha mágica, dizia se chamar Lorivaldo e ser uma fada, uma fada homem que iria acompanhá-la por um ano. Inicialmente, Lavínia achou que estava sonhando, mas no dia seguinte lá estava o Lorivaldo com todo o seu mau humor, e não estava sozinho, tinha um goblin também, uma criaturinha pequena (chamada Dagoberto) mas que não era um gnomo, e o fato de Lavínia poder ver o goblin surpreendeu a todos, a garota poderia ser muito mais do que Lorivaldo e os leitores imaginavam.

 "- Aquilo não foi minha culpa, Atlântida foi má construída mesmo. Iria afundar de uma forma ou de outra! Espera, já estava afundada, só eles que não perceberam! - zombou com um riso macabro no rosto rude." (página 36)

 Falando em Lorivaldo, Lavínia não sabia, mas protegê-la por um ano era a sua punição por ter feito tanta coisa errada ao longo dos séculos. O cara podia ter evitado a destruição de Atlântida!!! Mas era um criminoso, e sua última chance de escapar de uma prisão perpétua, era proteger a garota, justo ele, que detestava humanos. Ele aceitou, pois inicialmente imaginava encontrar uma maneirar de conseguir se livrar da pena, e se a menina acidentalmente morresse ao longo do ano, ele achava que estaria livre. Eis o nível de maldade do ser! Só que Lavínia já estava acostumada com hostilidade, e não se intimidaria com a grosseria de Lorivaldo.

 "Por que dariam uma fada que odeia humanos, e era odiada por quase todos, para uma criança? Lavínia tinha sua grande questão para resolver, que a cada instante tornava-se mais complexa que antes." (página 140)

 Poderia ser só um ano onde Lavínia tinha uma fada e não sabia como usá-la, se não fosse a capacidade única da garota de ver outros seres mágicos, e o fato de seres do passado de Lorivaldo terem planos malignos que incluíam a menina. Quem era realmente Lavínia? Ela usaria os poderes de sua fada para se vingar dos colegas da escola? E Lorivaldo, cumpriria sua pena, continuaria malvado ou seria modificado pela convivência com a garota? E por qual motivo justamente ele havia se tornado sua fada protetora? Só lendo para saber!

 "(...) ninguém é desprezado por todos. Sempre terá alguém que desejará ficar com você, ou por simplesmente não lhe conhecer, não dirá nada. Você terá que descobrir isso! Perceba as pessoas a sua volta e não somente a dor que algumas lhe trazem! Assim, você vai deixar de querer vingança! - mais do que uma sugestão, Lorivaldo lhe passou uma lição." (FINALMENTE O LORIVALDO DANDO UM CONSELHO CERTO, GENTE!; página 162)

 "Lavínia e a Árvore dos Tempos" é uma publicação independente, necessitando de alguns ajustes no texto (se não me engano, o autor vem fazendo melhorias em novas tiragens), e mesmo sendo um pouco diferente das minhas expectativas elevadíssimas, foi um livro que eu gostei e que fico feliz por ter lido e agradecida ao Lucinei por ter escrito. O autor conseguiu juntar seres mágicos de outras culturas (fadas, goblins, faunos, ninfas...) com mitos do nosso folclore (boitatá, curupira...) de uma forma muito natural. A ambientação também me agradou: com parte da história se passando no Brasil, e outra parte se passando no mundo mágico que foi bem construído e mostrado e explicado aos poucos. Essa "brasilidade" é o que torna a obra única! A amizade entre Léo e Lavínia, dois personagens com características bem definidas, foi um ponto alto da obra, uma amizade verdadeira, onde um dá forças para o outro quando necessário, mas sem que o Léo roube o protagonismo dela. E como eu imaginava pela sinopse, o livro tem cenas engraçadas, proporcionando muitas risadas, especialmente quando o Lorivaldo está em cena (por mais que ele seja "do mal" em alguns momentos, é impossível não torcer por sua regeneração). É uma daquelas histórias para ser lida em voz alta para as crianças, mas que também emociona e cativa leitores de outras idades, que ficam curiosos para saber o que acontecerá com Lavínia e Lorivaldo, aparentemente tão diferentes um do outro, mas com tanto em comum.

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Criatura e criador
 Sobre a parte visual: capa linda e condizente com a trama, páginas amareladas, margens, letras e espaçamento de bom tamanho.

 "Lavínia e a Árvore dos Tempos" tem um final fechado, mas tem uma continuação já lançada: "Lavínia e a Magia Proibida", afinal, o mundo da Árvore dos Tempos ainda tem muito para ser explorado e um grande potencial para se tornar um enorme sucesso e marcar gerações de leitores. Eu poderia ficar falando sobre diversos pontos da trama, mas acho que já tá bom, né? Quero ressaltar o fato de ser uma história divertida de fantasia com "ingredientes" bem brasileiros, indicada para todas as idades, falando especialmente sobre a importância da amizade.

 Detalhes: 236 páginas, Skoobpágina no Facebook (onde o livro pode ser adquirido), primeiro capítulo no Wattpad.

 Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Me contem nos comentários se já conheciam a obra ou o autor.

Até o próximo post!

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Resenha: livro "O romance inacabado de Sofia Stern", Ronaldo Wrobel

 Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "O romance inacabado de Sofia Stern", escrito pelo Ronaldo Wrobel e publicado pela Editora Record em 2016.

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 "- São vaga-lumes, vovó!
 - Fale baixo, Ronaldo. Eles pensam que são estrelas.
 - Bobagem! Eles não entendem o que estou falando.
 - Nem eu estou entendendo. Será que sou um vaga-lume?
 - Não, vovó. Você é uma estrela." (pagina 12)

 Ao terminar o primeiro capítulo de "O romance inacabado de Sofia Stern", já imaginei que seria um livro que eu iria gostar, suposição que foi se confirmando a cada página lida. Na obra conheceremos Ronaldo (protagonista e autor tem o mesmo nome), um rapaz que cuidava da avó Sofia Stern com muito carinho, mas que estava preocupado com comportamentos atípicos que a senhora vinha apresentando (se bem que ela nunca foi uma pessoa comum, talvez por ter vindo para o Brasil fugindo dos nazistas no início da Segunda Guerra Mundial, mas só ela sabia quais traumas trazia da guerra, pois não gostava de falar sobre o assunto).

 "Netos raramente conhecem os avós. Podem até ser seus cúmplices e amá-los de verdade, mas quase nunca suspeitam de mistérios que não tiveram condições de desvendar. Avós são esfinges porque ali mora mais do que alguém. Ali mora o tempo. Com minha idade, vovó já havia enfrentado vilões históricos, atravessado o Atlântico e se casado com o homem a quem daria uma filha em 1954. Uma epopeia!" (pagina 15)

 Um dia, Ronaldo encontrou um diário de sua avó, e outros objetos suspeitos da época em que ela ainda não morava no Brasil, mas como ela se recusava a lhe falar claramente sobre esse período, ele resolveu pesquisar por conta própria. Pouco tempo depois, ele recebeu uma ligação de uma juíza alemã, informando que sua avó poderia ser a herdeira de uma grande quantia num processo que corria na Alemanha, mas ele teria que viajar para lá para representar a senhora. Sofia decidiu ir com o neto, e juntando as descobertas que ele faria nessa viajem com os escritos do diário, ele descobriria que a vida da avó foi surpreendente.

 Aos 15 anos, em 1933, Sofia conheceu Klara, uma garota vinda do interior e que, talvez por isso, era a única da escola a não se importar com o fato de Sofia ter sangue judeu. As duas se tornaram amigas, mas para manter essa amizade com o passar do anos, teriam que enfrentar toda a segregação que estava sendo imposta pelos nazistas, e fariam coisas inimagináveis uma pela outra, ainda que em alguns momentos suas vidas se distanciassem por causa de suas origens. Klara, a modista talentosa, Sofia, a cantora nas noites, Klara e sua vida ariana de luxo e aparências, Sofia e sua vida no submundo. Amores, medos e sonhos, tudo isso compartilhado entre elas. Sofia veio para o Brasil e se tornou avó, mas como ela chegou até aqui? E o que aconteceu com Klara? Só lendo para saber.

 "Vovó carregava culpas lancinantes desde a juventude na Alemanha. Quantas delas infundadas?" (pagina 187)

 "O romance inacabado de Sofia Stern" é um livro que me surpreendeu muito, e que eu recomendo que vocês leiam! Foi uma leitura muito agradável de se fazer, tão boa e com uma escrita tão fluida que eu poderia ter lido o livro todo num único dia, mas interrompi a leitura para continuar no dia seguinte por ainda não estar preparada para me despedir dos personagens. Falando nos personagens, eles são tão vivos e com personalidades tão interessantes, que é como se eu estivesse vendo o Ronaldo, a Sofia, a Klara, o Hugo (irmão da Klara, ele tem um papel importante na trama) na minha frente! O quanto eles cresceram e se modificaram com o passar dos anos, as escolhas que tiveram que fazer, o quanto sofreram, o quanto amaram, e o quanto especialmente o Hugo acreditou e esperou e mudou, o quanto Sofia sofreu por coisas que não era culpada mas não sabia, o quanto Ronaldo foi capaz de ir atrás da história da sua avó, o choque que o final trouxe para ele e para nós.

 Eu dei cinco estrelas para o livro, mas não o marquei como favorito por causa do final. "O romance inacabado de Sofia Stern" tem a mesma temática de outro livro da Editora Record: "Uma Praça em Antuérpia" escrito pela Luize Valente e publicado em 2015. Os dois se passam na época que antecede a Segunda Guerra Mundial, embora o de Luize continue no decorrer da guerra e o de Ronaldo fique apenas nessa fase antecedente; ambos trazem protagonistas idosas que tem seu passado desvendado, mas enquanto o livro de Luize tem um carga dramática maior, o de Ronaldo tem uma pegada bem mais divertida na forma como ele conta a história (e por isso vale a pena ler ambos), e traz uma esperança para o leitor conforme coisas improváveis vão acontecendo. E já que, por mais perigos que seus personagens tenham enfrentado, Ronaldo vinha mantendo-os vivos, eu esperava um final diferente (não tô dizendo que alguém morre no final, não tô dando spoiler, tá gente!), e aí veio um final que é bom e que deixa o Ronaldo personagem sem chão, mas que não precisava ser daquele jeito e que meio que dá um nó na cabeça da gente ao nos obrigar ver partes da história de outra forma. Talvez se eu não tivesse lido "Uma Praça em Antuérpia", eu poderia ter ficado satisfeita com o final de "O romance inacabado de Sofia Stern", mas como já li, não foi algo novo, o que não diminui o meu amor pelo livro de Ronaldo Wrobel, minha admiração pelo que ele escreveu e meu encantamento pela história de Sofia.

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Se minha resenha não for o suficiente, olha aí o que o Raphael Montes (autor de "Dias perfeitos") fala sobre o livro.
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 Sobre a edição: capa bonita e condizente com a trama, páginas amareladas, boa revisão, diagramação simples e com margens, letras e espaçamento de bom tamanho.

 Enfim, fica aqui a minha recomendação para que leiam "O romance inacabado de Sofia Stern", um livro daqueles que a gente começa e não quer mais largar, de tão curioso para saber o que vai acontecer em seguida e o que o Ronaldo descobrirá sobre sua avó excêntrica. Uma leitura divertida e emocionante, da qual eu poderia falar por horas, mas acho que por hoje está bom, né?!

 Detalhes: 256 páginas, ISBN-13: 9788501107497, Skoob. Onde comprar online: SaraivaAmericanas.

 Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Me contem: já conheciam a obra ou o autor? O que vocês acham que aconteceu com Klara no passado (duvido que alguém acerte a resposta!)?

Até o próximo post!

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